Tuesday, April 10, 2007

Sono

esse turbilhão dentro de mim
mal-estar suspenso
vou jogar o telefone na parede
e gritar pra dentro

Monday, July 31, 2006

Olhares

Conheço alguns olhares inesquecíveis
Daqueles que fazem o coração pirar...
E a gente tem de respirar fundo pra não enlouquecer...

Etapas

fim de uma etapa = início de outra...
valeu tudo. até os momentos tristes tiveram sua importância.
mas também é sempre bom seguir novos rumos, beijar novas flores, sentir outros cheiros e acelerar o coração em novas perspectivas...
ao mesmo tempo, ver coisas antigas com um outro olhar, e me deliciar com a evolução.
a vida começa a trilhar novos caminhos.
sempre lembro com carinho de vários momentos, e essa chuvinha que cai lá fora agora me faz lembrar de tantas sensações misturadas...
um brinde aos novos dias!

Wednesday, May 10, 2006

Nem sei...

Nem sei como era a vida antes de você.
Nos encontramos também nem sei dizer se foi num momento bom ou ruim.
Sei que foi importante pra mim. Descobri muito a meu respeito através de você. Isso me fez muito bem. Você me faz bem. Teu abraço é terapêutico... seus beijos têm um gosto indescritível e o poder de me dar asas...
A vida tem cores diferentes quando estou com você.
Sei que não seremos um do outro... não da forma comum, pelo menos... mas você sempre estará em mim.
Você tem toda a sua juventude pra curtir, tantas coisas pra descobrir, tantos sentimentos pra experimentar... eu ainda não vivi tudo, mas já vi muito mais do que você... e acho lindo te ver descobrindo a vida... te ver crescendo, amadurecendo...
Tem coisas que a gente guarda pra vida toda... momentos, olhares, pessoas, cheiros... você eu vou ter dentro de mim a vida toda...
Como todos sabem, não acredito em destino, nem em nada destas coisas que as pessoas apelam quando não conseguem uma explicação racional, mas nos conhecemos de uma forma bem inesperada, e tudo aconteceu sem planejar... de um jeito muito gostoso...
E de resto, não sei mais...
A vida está me chamando ali... preciso ir...
Até mais!
Alles liebe...

Tuesday, January 24, 2006

...

entrelinhas túrgidas
muitas reticências
e um medo danado de pensar alto demais
depois que a gente começa a descobrir liberdade, sai em busca de parâmetros...
credo... parece que não vou nunca parar de buscar algo...
eu procuro, procuro, procuro.... ai! chega!

Monday, January 16, 2006

"Acabou de sair" (Clarice Lispector)

Sua enorme inteligência compreensiva, aquele seu coração vazio de mim que precisa que eu seja admirável para poder me admirar. Minha grande altivez: prefiro ser achada na rua. Do que neste fictício palácio onde não me acharão porque - porque mando dizer que não estou, "ela acabou de sair".

Estou cansada

Muito do que tenho - começo a perceber - foi delicadamente comprado...
Nas sutilezas que a vida nos permite, sabe?
Cansei.
Não compro mais nada daqui pra frente.
Só o que for de verdade irá permanecer...
As coisas compradas são de mentira, e nos enganam com o nosso consentimento.
Na verdade, sabemos o tempo inteiro de todas as cores, motivos, caminhos e nuances de uma situação assim, mas sei lá que espécie de carência é essa que nos faz jogar a visão de lado e enganarmos a nós mesmos...
Mesmo as coisas compradas sendo de mentira, queremos nos convencer de que elas nos bastam... só que chega uma hora, quando estamos olhando a chuva, que percebemos que é preciso algo mais... que só o sincero e verdadeiro podem ser parceiros nessa vida.
Lembrei agora de um trecho de uma música da Madonna:
"The best things in life are always free..."

Beijos verdadeiros e grátis...

Monday, January 09, 2006

Um Amor Conquistado (Clarice Lispector)

Encontrei Ivan Lessa na fila de lotação do bairro e estávamos conversando quando Ivan se espantou e me disse: olhe que coisa esquisita. Olhei para trás e vi, da esquina para a gente, um homem vindo com o seu tranquilo cachorro puxado pela correia. Só que não era cachorro. A atitude toda era de cachorro, e a do homem era a de um homem com o seu cão. Este é que não era. Tinha focinho acompridado de quem pode beber em copo fundo, rabo longo e duro - poderia, é verdade, ser apenas uma variação individual da raça. Ivan levantou a hipótese de quati, mas achei o bicho muito cachorro demais para ser quati, ou seria o quati mais resignado e enganado que jamais vi. Enquanto isso, o homem calmamente vindo. Calmamente, não; havia uma tensão nele, era uma calma de quem aceitou luta: seu ar era de um natural desafiador. Não se tratava de um pitoresco; era por coragem que andava em público com o seu bicho. Ivan sugeriu a hipótese de outro animal de que na hora não se lembrou o nome. Mas nada me convencia. Só depois entendi que minha atrapalhação não era propriamente minha, vinha de que aquele bicho já não sabia mais quem ele era, e não podia portanto me transmitir uma imagem nítida.
Até que o homem passou perto. Sem u sorriso, costas duras, altivamente se expondo - não, nunca foi fácil passar diante da fila humana. Fingia prescindir de admiração ou piedade; mas cada um de nós reconhece o martírio de quem está protegendo um sonho.
- Que bicho é esse? perguntei-lhe, e intuitivamente meu tom foi suave para não feri-lo com uma curiosidade. Perguntei que bicho era aquele, mas na pergunta o tom talvez incluísse: "por que é que você faz isso? que carência é essa que faz você inventar um cachorro? e por que não um cachorro mesmo, então? pois se os cachorros existem! Ou você não teve outro modo de possuir a graça desse bicho senão com uma coleira? mas você esmaga uma rosa se apertá-la com força!" Sei que o tom é uma unidade indivisível por palavras, sei que estou esmagando uma rosa, mas estilhaçar o silêncio em palavras é um dos meus modos desajeitados de amar o silêncio, e é assim que muitas vezes tenho matado o que compreendo. ( Se bem que, glória a Deus, sei mais silêncio que palavras.)
O homem, sem parar, respondeu curto, embora sem aspereza. E era quati mesmo. Ficamos olhando. Nem Ivan nem eu sorrimos, ninguém na fila riu - esse era o tom, essa era a intuição. Ficamos olhando.
Era um quati que se pensava cachorro. Às vezes, com seus gestos de cachorro, retinha o passo para cheirar coisas, o que retesava a correia e retinha um pouco o dono, na usual sincronização de homem e cachorro. Fiquei olhando esse quati que não sabe quem é. Imagino: se o homem o leva para brincar na praça, tem uma hora que o quati se constrange todo: "mas, santo Deus, por que é que os cachorros me olham tanto?" Imagino também que, depois de um perfeito dia de cachorro, o quati se diga melancólico, olhando as estrelas: "que tenho afinal? que me falta? sou tão feliz como qualquer cachorro, por que então este vazio, esta nostalgia/ que ânsia é esta, como se eu só amasse o que não conheço?" E o homem, o único a poder delivrá-lo da pergunta, esse homem nunca lhe dirá para não perdê-lo para sempre.
Penso também na iminência de ódio que há no quati. Ele sente amor e gratidão pelo homem. Mas por dentro não há como a verdade deixar de existir: e o quati só não percebe que o odeia porque está vitalmente confuso.
Mas se ao quati fosse de súbito revelado o mistério de sua verdadeira natureza? Tremo ao pensar no fatal acaso que fizesse esse quati inesperadamente defrontar-se com outro quati, e nele reconhecer-se, ao pensar nesse instante em que ele ia sentir o mais feliz pudor que nos é dado: eu... nós... Bem sei, ele teria direito, quando soubesse, de massacrar o homem com o ódio pelo que de pior um ser pode fazer a outro ser - adulterar-lhe a essência a fim de usá-lo. Eu sou pelo bicho, tomo o partido das vítimas do amor ruim. Mas imploro ao quati que perdoe ao homem, e que o perdoe com muito amor. Antes de abandoná-lo, é claro.

Thursday, January 05, 2006

POR NÃO ESTAREM DISTRAÍDOS (Série Clarice Lispector)

Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que por admiração se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles. Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria e peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque - a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras - e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração. Como eles admiravam estarem juntos!
Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais distraídos.


Clarice Lispector é show!!


Beijos distraídos a todos...

Wednesday, December 21, 2005

Vote na CURTIÇÃO pra presidente!

Já que a gente tem mesmo que viver, então tudo isso tem de ser uma FESTA! E tudo precisa ser aproveitado nos mínimos detalhes... sempre saímos com algo mais de todas as situações, mesmo que em princípio elas nos pareçam experiências ruins. Então... vamos beijar muito na boca e dar muitas risadas! Sem dramas, nem pesos, nem traumas... tudo passa mesmo, não é? E passa tão rápido...

Saturday, December 10, 2005

Two beds and a coffee machine (Savage Garden)

And she takes another step
Slowly she opens the door
Check that he is sleeping
Pick up all the broken glass and furniture on the floor
Been up half the night screaming now it's time to get away
Pack up the kids in the car
Another bruise to try and hide
Another alibi to write
Another ditch in the road
You keep moving
Another stop sign
You keep moving on
And the years go by so fast
Wonder how I ever made it trough
And there are children to think of
Baby's asleep in the backseat
Wonder how they'll ever make it trough this living nightmare
But the mind is an amazing thing
Full of candy dreams and new toys and another cheap hotel
Two beds and a coffee machine
But there are groceries to buy
And she knows she'll have to go home
Another ditch in the road
You keep moving
Another stop sign
You keep moving on
And the years go by so fast
Wonder how I ever made it trough
Another bruise to try and hide
Another alibi to write
Another lonely highway in the back of night
But there's hope in the darkness
You know you're going to made it
Another ditch in the road
keep moving
Another stop sign
You keep moving on
Silent fortress built to last
Wonder how I ever made it



Gosto muito desta música. Clique no título para ouvi-la numa mensagem de final de ano do DGRH da Unicamp de 2004.

Wednesday, December 07, 2005

Falta de ar

Há dias um choro guardado na garganta. Olhos úmidos. Um gosto na boca de coisa mal resolvida. Alegrias que eram para serem vividas e foram interrompidas por um motivo que não me convence. Essa atmosfera de coisas que poderiam ter sido e não foram me atrasa os dias, me deixa febril...
Na minha outra face, tento deixar os dias mais suaves. Faço de tudo para retomar o amor que abandonei por sua causa. Ele tem tanto valor que chego a sentir medo. Talvez por isso eu tenha me deixado levar pelo seu olhar... por medo de reconhecer a pedra preciosa que tenho nas mãos e depois disso não saber o que fazer, ou não me considerar merecedora.
Talvez eu esteja enganada em todos os aspectos.
E o que eu faço agora com esse beijo estilhaçado no meio do caminho? Como faço para curar a dor dos estilhaços na boca?

Monday, December 05, 2005

Talvez (o original)

Este é do meu amigo Wagnê (Wagner Fernandes). Em palavras do próprio: "durante um sonho, num intervalo de aula..."


Talvez seja possível sonhar,
deixando pegadas no chão
para outra pessoa pisar

Talvez seja possível pisar,
deixando sonhos no chão
para outra pessoa pegar

Talvez seja possível amar,
deixando amores no chão
para outra pessoa trilhar

Tudo é talvez...
Até você!


Wagnê... muito tempo que a gente não se vê... saudade... valeu por tudo!!

Thursday, November 24, 2005

O caminho não escolhido*

Num bosque amarelo dois caminhos se separavam,
E lamentando não poder seguir os dois
E sendo apenas um viajante, fiquei muito tempo parado
E olhei para um deles tão distante quanto pude
Até onde se perdia na mata;

Então segui o outro, como sendo mais merecedor,
E tendo talvez melhor direito,
Porque coberto de mato e querendo uso
Embora os que por lá passaram
Os tenham realmente percorrido de igual forma,

E ambos ficaram essa manhã
Com folhas que passo nenhum pisou.
Oh, guardei o primeiro para outro dia!
Embora sabendo como um caminho leva para longe,
Duvidasse que algum dia voltasse novamente.

Direi isto suspirando
Em algum lugar, daqui a muito e muito tempo:
Dois caminhos se separaram em um bosque e eu...
Eu escolhi o menos percorrido
E isso fez toda a diferença.

Robert Frost, 1916

* Tradução de "The road not taken" de Robert Frost.

Monday, November 21, 2005

The road not taken

Two roads diverged in a yellow wood,
And sorry I could not travel both
And be one traveler, long I stood
And looked down one as far as I could
To where it bent in the undergrowth

Then took the other, as just as fair,
And having perhaps the better claim,
Because it was grassy and wanted wear
Though as for that the passing there
Had worn them really about the same,

And both that morning equally lay
In leaves no step had trodden black.
Oh, I kept the first for another day!
Yet knowing how way leads onto way,
I doubted if I should ever come back.

I shall be telling this with a sigh
Somewhere ages and ages hence;
Two roads diverged in a wood, and I-
I took the one less traveled by,
And that has made all the difference.

Robert Frost, 1916

Borboletas

De repente todas as borboletas do meu estômago decidiram voar ao mesmo tempo. E o espaço lá ficou pequeno.
Se consigo dormir, acordo com o coração a milhão e o pensamento em você.
Isso precisa ter fim. Preciso ter minha paz de volta.

Wednesday, November 16, 2005

Entre ácaros

Tem uma idéia falando comigo.
As pessoas falam, mas não consigo escutá-las. Essa idéia se sobrepõe e tenho a impressão de que o que sai da boca das das pessoas é nada menos do que ESTA IDÉIA.
Ouço a idéia , mas não consigo entender o que ela está dizendo...


Gosto de quem sou agora, mas sinto saudades de pessoas do meu passado.

Monday, November 14, 2005

Noite





A subjetividade das tuas mãos confusas tocando as minhas, me dá todas as respostas a seu respeito. Suas mãos dizem o que você não consegue dizer.

Que respostas você busca em meus cabelos?

Talvez (plágio)

Estou tentando acertar as contas com meu passado
Estou tentando plantar boas sementes para o futuro
Enquanto isso o presente fica bagunçado
Como uma bola de pingue-pongue, de um lado para o outro
E tudo é talvez
Até você.

Sunday, November 13, 2005

Comecemos a viagem!

Eu penso em tantas coisas...
Eu penso em tantas coisas...
E todas ao mesmo tempo
Mas vamos com calma
Devagarinho tudo estará claro como um dia lindo e ensolarado...